Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Lectio Divina do texto de Lucas 7,36-8,3 - 11º Domingo do Tempo Comum


Por: Patrick Silva

Um fariseu convidou Jesus para jantar. Ele entrou na casa do fariseu e sentou-se à mesa. Uma mulher, pecadora da cidade, soube que Jesus estava à mesa na casa do fariseu e trouxe um frasco de alabastro, cheio de perfume. Ela postou-se atrás, aos pés de Jesus e, chorando, lavou-os com suas lágrimas. Em seguida, enxugou-os com os seus cabelos, beijou-os e os ungiu com o perfume. Ao ver isso, o fariseu que o tinha convidado comentou: “Se este homem fosse profeta, saberia quem é a mulher que está tocando nele: é uma pecadora!” Então Jesus falou: “Simão, tenho uma coisa para te dizer”. Ele respondeu: “Fala, Mestre”. ”Certo credor”, retomou Jesus, “tinha dois devedores. Um lhe devia quinhentas moedas de prata, e o outro cinqüenta. Como não tivessem com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles o amará mais?” Simão respondeu: “Aquele ao qual perdoou mais”. Jesus lhe disse: “Julgaste corretamente”. Voltando-se para a mulher, disse a Simão: “Estás vendo esta mulher? Quando entrei na tua casa, não me ofereceste água para lavar os pés; ela, porém, lavou meus pés com lágrimas e os enxugou com seus cabelos. Não me beijaste; ela, porém, desde que cheguei, não parou de beijar meus pés. Não derramaste óleo na minha cabeça; ela, porém, ungiu meus pés com perfume. Por isso te digo: os muitos pecados que ela cometeu estão perdoados, pois ela mostrou muito amor. Aquele, porém, a quem menos se perdoa, ama menos”. Em seguida, disse à mulher: “Teus pecados estão perdoados”. Os convidados começaram a comentar entre si: “Quem é este que até perdoa pecados?” Jesus, por sua vez, disse à mulher: “Tua fé te salvou. Vai em paz!”
Depois disso, Jesus percorria cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa Nova do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, e também algumas mulheres que tinham sido curadas de espíritos maus e de doenças: Maria, chamada Madalena, de quem saíram sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes; Susana, e muitas outras mulheres, que os ajudavam com seus bens.
(Lucas 7,36-8,3)

1. LECTIO – leitura
   O evangelho nos confronta com a atitude de Jesus perante uma mulher da cidade conhecida por pecadora que vem chorar aos seus pés. O evangelista Lucas dá a entender que o amor da mulher resulta de haver experimentado a misericórdia de Deus. O dom gratuito do perdão gera amor e vida nova. Deus sabe isso; é por isso que age assim.
   O trecho do evangelho lido está inserido na primeira parte do evangelho de Lucas. Tudo parece acontecer na Galileia. Durante este período, Jesus concretiza o seu programa anunciado em Nazaré (veja Lc 4,16-30): trazer à humanidade, de modo especial aos pobres e marginalizados, a libertação e a salvação de Deus.
   O episódio relatada traz um tema caro a Lucas: a misericórdia de Jesus. O contexto do episódio é um banquete na casa de um fariseu chamado Simão (o “banquete” é, neste contexto, o espaço da familiaridade). Lucas é o único evangelista que mostra os fariseus próximos de Jesus que até aceitam sentar-se à mesa com Ele (veja 11,37;14,1) e preveni-l’O em relação à ameaça de Herodes (veja 13,31).
   O tema principal é atitude de Jesus para com os pecadores. A personagem central é a mulher que é apresentada como “uma mulher da cidade que era pecadora”. Nada é dito se a mulher já se encontrara com Jesus anteriormente, mas podemos entender que sim, pois a mulher viu algo diferente em Jesus, que a levou a ter aquela atitude.
   A ação da mulher (as lágrimas derramadas sobre os pés de Jesus, o enxugar os pés com os cabelos, o beijar os pés e ungi-los com perfume) é descrita como uma resposta de gratidão, como conseqüência do perdão recebido (v. 47). A parábola que Jesus conta, a este propósito (v. 41-42), parece significar, não que o perdão resulta do muito amor manifestado pela mulher, mas que o muito amor da mulher é o resultado da atitude de misericórdia de Jesus: o amor manifestado pela mulher nasce de um coração agradecido de alguém que não se sentiu excluído nem marginalizado, mas que, nos gestos de Jesus, tomou consciência da bondade e da misericórdia de Deus.
   A outra figura central deste episódio é Simão, o fariseu. Ele representa aqueles zelosos defensores da Lei que evitavam qualquer contato com os pecadores e que achavam que o próprio Deus não podia acolher nem deixar-se tocar pelos transgressores da Lei. Jesus procura fazê-lo entender que só uma lógica de amor e de misericórdia, pode gerar a conversão e a vida nova. Jesus empenha-se em mostrar a Simão que não é marginalizando e segregando que se pode obter uma nova atitude do pecador. O perdão não se dá a troco de amor, mas dá-se, simplesmente, sem esperar nada em troca.
   O texto proposto termina com uma referência ao grupo que acompanha Jesus: os Doze e algumas mulheres. Lucas é o único evangelista que refere a presença das mulheres no grupo que acompanhava Jesus. Tal era algo insólito, numa sociedade em que a mulher desempenhava um papel social e religioso marginal. No entanto, manifesta a lógica de Deus que não exclui ninguém. As mulheres também fazem parte da comunidade de irmãos que é a comunidade do Reino: Deus não exclui nem marginaliza ninguém, mas a todos chama a fazer parte da sua família.

2. MEDITATIO – meditação
+ Com quem mais se identifica neste episódio, Jesus, a mulher ou Simão?
+ Já fez experiêcia desta grande misericórdia de Deus?
+ Simão representa aqueles que se julgam melhores que os outros. Que atitude você sente em relação às outras pessoas?
+ A exclusão e a marginalização não geram vida nova, apenas o amor e a misericórdia. Você é uma pessoa que excluí ou inclui?

3. ORATIO – oração
   Peça perdão a Deus pelas suas falhas, só quem reconhece suas falhas, pode pedir perdão e experimentar a graça de se libertar de tudo o que o aprisiona e impede de viver livre e feliz.

4. CONTEMPLATIO – contemplação
Contemple a misericórdia infinita de Deus por si. Deus é paciente, misericordioso, benigno, lento para ira… Experimente esta presença de Deus na sua vida.

5. MISSIO – missão
“Sede simples e verdadeiros. O que é sim, seja sim; o que é não, seja não. Sede transparentes no falar: dizei as coisas como são ou como pensais que sejam”. José Allamano
 
Disponível semanalmente em www.consolata.org.br
 
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário