Missionário da Consolata na Colômbia e no Equador...

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Frei Gilberto Gorgulho OP (1933 - 2012)


Domingos Zamagna (*)

Frei Gorgulho com Ana Flora Anderson em Simpósio de Teologia da EDT

   Foto: Julio Caldeira, imc (2008)

Faleceu em São Paulo, às 6,20 hs de terça-feira, festa do Proto-mártir Santo Estevão, o exegeta Frei Gilberto da Silva Gorgulho.

Durante seis décadas Frei Gorgulho, da Ordem dos Frades Pregadores, foi um incansável Pregador da Palavra de Deus.

Natural de Cristina-MG, de família muitíssimo cristã, que deu à Igreja também duas religiosas da Congregação da Providência de Gap, desde que se decidiu pela vida sacerdotal, cursou seminários clássicos e deles herdou o que eles tinham de muito bom: espírito de pobreza e serviço evangélicos, disciplina intelectual, fé sólida vivenciada na oração, espiritualidade, cultura, erudição. 

Entrando na Ordem dos Dominicanos, os superiores acolheram seu desejo de especializar-se em Sagradas Escrituras, enviando-o para estudos avançados na França, em Saint-Maximin (Provence) e Toulouse (Haute Garonne). Em seguida passou pela Universidade Santo Tomás de Aquino (Angelicum) de Roma para a obtenção dos graus acadêmicos em Sagrada Escritura na Comissão Bíblica da Santa Sé. Especializou-se em seguida na École Biblique et d’Archéologie Française de Jerusalém (fundada pelo Pe. Marie-Joseph Lagrange OP e até hoje mantida pelos Dominicanos), filiada à École Pratique des Hautes Études, da Sorbonne-Paris. Durante os três anos que viveu no Oriente, residiu no Convento de Santo Estevão, santo que o acolheu, liturgicamente, no dia de seu falecimento.

Retornando ao Brasil, a partir da década de 60, Fr. Gorgulho se dedicou intensamente ao magistério, principalmente na Escola Dominicana de Teologia, na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e no Instituto Teológico Pio XI, em São Paulo, mas sempre dando cursos regulares em Petrópolis (RJ), Viamão (RS) e cursos e palestras em vários estados brasileiros e no exterior. Foi colaborador assíduo da CRB e da CNBB e sempre muito engajado nos trabalhos ecumênicos.

Durante décadas, Fr. Gorgulho orientou centenas de dissertações e teses em estudos bíblicos, formando pelo menos duas gerações de biblistas brasileiros e latino-americanos.

Fr. Gorgulho participou ativamente da preparação e difusão do Concílio do Vaticano II. Recordo-me de vários arcebispos e bispos que passavam horas em seu escritório no Convento de Santo Alberto Magno estudando com ele os documentos preparatórios do Concílio, dentre eles o então arcebispo de Ribeirão Preto, D. Agnelo Rossi, que mais tarde se tornou cardeal-arcebispo de São Paulo e lhe abriu as portas da arquidiocese para um trabalho qualificado de evangelização. A partir de 1971, quando D. Paulo Evaristo Arns OFM substituiu D. Agnelo, entre o novo arcebispo e o frade desenvolveu-se intensa colaboração pastoral, especialmente na evangelização das periferias, para a qual Fr. Gorgulho não mediu esforços, colocando a serviço dos pobres seus conhecidos dons intelectuais, sua ousadia pastoral, seu discernimento teológico e sua liberdade de fiel Pregador da Palavra de Deus. 

Teve colaboradores e bons companheiros, porque sempre soube trabalhar em equipe e fiel às amizades: D. Luciano Mendes de Almeida SJ, D. Cândido Padin OSB, D. Tomás Balduíno OP, D. Valdir Calheiros, Frei Carlos Josaphat OP, Pe. José Comblin (hoje no ostracismo em certas dioceses), Frei Carlos Mesters, O. Carm., Pastor Milton Schwantes, Profa. Ana Flora Anderson, Pe. Ticão, Mons. Lancelotti, Prof. Alfredo Bosi, o jornalista Evaldo Dantas e uma plêiade de leigos e leigas que se beneficiavam de seus ensinamentos.

Durante vários anos Fr. Gorgulho dirigiu os trabalhos de tradução da Bíblia de Jerusalém, editada pela Paulus, editora pela qual lançou uma dúzia de títulos.

Colaborador de várias revistas, teve também uma coluna no jornal “O São Paulo”. Na década de 70 era um prazer ouvir seus comentários na TV Record, rápidos e profundos, num quadro chamado “Esta cidade tem alma”.
Intelectual finíssimo, e todavia sempre um homem de hábitos simples, modos de homem do povo do sul de Minas.

Como infelizmente sói acontecer, toda vez que alguém se dedica de corpo e alma, fielmente, à evangelização, aparecem alguns que o acusam de heterodoxia etc. Às vezes isso até pode ser verdade, mas é difícil conhecer alguém mais evangelicamente ortodoxo do que Fr. Gorgulho! No entanto, isso é um leit-motiv na História da Igreja: aconteceu com Santo Tomás de Aquino, com Pe. Lagrange, Pe. Lyonnet... Essas indignidades fizeram com que Fr. Gorgulho precisasse abandonar a cátedra na Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção, em São Paulo, sem solidariedade dos professores, num momento em que esta instituição rompia com a Teologia da Libertação.

Foi acolhido durante alguns anos no Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências da Religião, da PUC-SP, orientando dezenas de trabalhos e publicando muitos artigos, até que a idade avançada começou a limitar seus empreendimentos. Poucos sabem, mas a demissão da PUC-SP, numa vala-comum típica do capitalismo que justamente as instituições católicas gostam de criticar, juntamente com centenas de outros professores, causou-lhe profundo desgosto, sobretudo quando soube que o motivo alegado, mas que o burocrata de plantão não teve coragem de lhe dizer, foi que “o seu tempo tinha passado”.

Frei Gorgulho em aula de Exegese Bíblica na EDT

   Foto: Julio Caldeira, imc (2008)
De fato, agora são outros tempos, conduzidos por outros agentes, outras lideranças.
Devemos ser humildes, o tempo passa para todos. Que isto seja dito para contemplarmos a suprema verdade: somente o Reino é eterno! “A erva seca e a flor fenece, somente a Palavra do Senhor permanece eternamente” (Is 40,8).

Esperemos que sejam tempos melhores para a Igreja, isto é, de mais liberdade e ousadia (parressía), mais lucidez, mais justiça, mais solidariedade, mais caridade, mais paz, mais alegria. Foi para isso que Fr. Gorgulho, qual semeador, como varão evangélico, passou a vida, pobremente, sem os aparatos do poder, pregando a Palavra de Deus. 



(*) Jornalista e professor de Filosofia em São Paulo.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Erección de la Parroquia Personal Indígena Ntra. Sra. de Guadalupe, en Sucumbíos


P. Julio Caldeira, imc

Este día 9 de diciembre de 2012 se quedará marcado en la mente y en el corazón de muchas personas en Sucumbíos – Ecuador, pues después de muchas turbulencias y temores, la vida pastoral se demuestra viva con la inauguración de la Parroquia Personal Indígena Ntra. Sra. de Guadalupe.
El día comenzó con la acogida de los participantes provenientes de cinco cantones (municipios) de la provincia de Sucumbíos (Putumayo, Cuyabeno, Shushufindi, Lago Agrio, Cascales y Gonzalo Pizarro). En seguida hubo una procesión con la imagen de la Virgen de Guadalupe y la celebración eucarística de inauguración de la parroquia personal, con elementos inculturados de los varios pueblos presentes en Sucumbíos.
Pero algunos pueden preguntar: ¿qué es una parroquia personal? Respondiendo a eso, el Código de Derecho Canónico, en el canon 518, dice: “… donde convenga, se constituirán parroquias personales en razón del rito, de la lengua o de la nacionalidad de los fieles de un territorio”. El decreto de erección firmando por Mons. Paolo Mietto, Administrador Apostólico del Vicariato de Sucumbíos, con fecha de 8 de diciembre de 2012, dice “que existen en el territorio del Vicariato numerosas poblaciones de diferentes etnias, especialmente kichwas. Y que es recomendable que existan misioneros/as que se dediquen específicamente a la pastoral indígena (…), constituimos la Parroquia Personal Nuestra Señora de Guadalupe”.
Teniendo en cuenta esto, la parroquia está conformada por alrededor de 85 comunidades indígenas de las nacionalidades kichwas, shuaras y cofanes, presentes en la provincia de Sucumbíos. La actividad pastoral, como  hace ya varias décadas (desde el tiempo de los padres carmelitas descalzos) se llevada a cabo por os Servidores  Catequistas  del Vicariato  junto con los Equipos de Pastoral Indígena, identificados por la sigla EPI: EPI San José (Hnas. Lauritas), EPI Abya Yala (Colegio Intercultural Bilingüe – Hnos. Maristas y Hnas. Carmelitas del Sagrado Corazón), EPI Ríos (Misioneros de la Consolata), EPI Migrantes (misionera Isabel Asimbaña) y EPI Centro (coordinación de la pastoral indígena y Hna. Magdalena Blaser). Para llevar adelante este trabajo, en los próximos años la coordinación será llevada adelante por los Misioneros de la Consolata.
Las actividades del día siguieron con un hermoso momento cultural, con danzas típicas de las varias nacionalidades y se clausuró con un almuerzo comunitario.
Nosotros hoy, como  hace ya tanto años Juan Diego,  seguimos experimentamos  el amor y el cariño materno de nuestra Mamita la Virgen de Guadalupe y su predilección por los sencillos de corazón. Ella nos invita a poner todo nuestro corazón, nuestra mente, nuestras comunidades, nuestra Madre Tierra en sintonía con el Espíritu de su  Amado Hijo, Jesús para que  la Nueva Tierra  se vaya haciendo más visible.  Juntos/as caminamos para tener una Iglesia inculturada con rostro, corazón y pensamiento indígena.
Nuestra Señora de Guadalupe, Madre y Consuelo de los Pueblos Indígenas, ¡ruega por nosotros!